Satélite DF Vila Isabel cantará Brasília como lenda indígena em seu samba-enredo Escola do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro homenageia a capital no ano em que ela se torna sexagenária A Unidos de Vila Isabel escolheu o samba-enredo que homenageará a capital de todos os brasileiros no Carnaval do Rio de Janeiro. “Gigante pela própria natureza – Jaçanã e um índio chamado Brasil” vai contar a história como uma lenda indígena, nascida para levar esperança aos povos da terra (ouça abaixo). Na narrativa, Brasil é um curumim (criança, em tupi-guarani) que entra em uma canoa, dorme e sonha que está sob as asas de uma jaçanã (pássaro), por onde passeia para conhecer seu povo. “Assim nasceu a flor do cerrado, quando um cacique inspirado olhou pro futuro e mandou construir Brasília, joia rara prometida”, diz a letra. “A gente teve a liberdade de construir uma história do povo brasileiro se dirigindo à capital da esperança”, Edson Pereira, carnavalesco da Vila Isabel. A sinopse, elaborada pelo sambista e compositor Edson Pereira em parceria com os antropólogos Clark Mangabeira e Victor Marques, explica que a origem de Brasília é alimento criativo para a composição lúdica. “A gente teve a liberdade de construir uma história do povo brasileiro se dirigindo à capital da esperança. Um sonho não só de JK [Juscelino Kubitschek], mas de todos os brasileiros, contada por meio da história de um índio humanizado – o primeiro dono da terra Brasil – para conhecer o próprio povo por um sonho”, explicou o autor Edson Pereira, em entrevista à Agência Brasília. O carnavalesco conta que o pequeno Brasil sobrevoa o país nas asas da ave para conhecer sua cultura e formar a identidade dos brasileiros no ‘caldeirão cultural que é Brasília’. “O importante é mostrar que está falando do povo brasileiro e seus sonhos de um país melhor“, ressalta. O enredo ainda valoriza a fé do candango, que “carrega filho e mulher para erguer nova cidade”. “A ideia é ressaltar a qualidade que a cidade tem para além de seu valor simbólico como patrimônio arquitetônico, mas a característica de ser a síntese do povo brasileiro”, afirma o secretário de Cultura do DF, Adão Cândido. Por isso, diz, o samba-enredo visita as vertentes culturais de Norte a Sul, mirando a união de todos os brasis. “Brasília tem essa característica única e queremos que todo brasileiro sinta que a capital também é sua.” Capital de todos A aproximação de Brasília com Vila Isabel foi coroada em maio, quando uma delegação da escola carioca esteve reunida com o governador Ibaneis Rocha, no Palácio do Buriti. Um termo de cooperação entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Unidos de Vila Isabel foi assinado para a promoção de Brasília no maior Carnaval do mundo. “Brasília tem essa característica única e queremos que todo brasileiro sinta que a capital também é sua”, Adão Cândido, secretário de Cultura do DF Pelo acordo, o GDF ajudará a escola de samba carioca a conseguir patrocínio da iniciativa privada por meio de uma ferramenta legal que permite a transferência de recursos de impostos pagos por empresas e pessoas físicas a projetos culturais. Em contrapartida, a Vila Isabel promoverá ações sociais de formação das escolas de samba do DF. O grêmio recreativo já fez dois seminários à comunidade carnavalesca da capital. Ele também visitou as escolas de samba do DF e recebeu representantes na sede, no Rio de Janeiro. “Estamos levando um pouco de conhecimento, queremos ensinar um pouco da nossa cultura, o que condiz com o samba enredo criado. Distribuir, ensinar, contaminar com nossa cultura”, diz o carnavalesco. Uma delegação de Brasília deve compor o desfile. A Vila Isabel será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval (24 de fevereiro). Confira o samba-enredo: Sou eu! Índio filho da mata Dono do ouro e da prata Que a terra mãe produziu Sou eu! Mais um Silva pau de arara Sou barro marajoara Me chamo Brasil Aquele que desperta a cunhatã Pra ouvir Jaçanã sussurrar ao destino O curumim, o piá e o mano Que o vento minuano também chama de menino Do Tapajós Desemboquei no Velho Chico Da negra Xica, solo rico das Gerais E desaguei em fevereiro No meu Rio de Janeiro terra de mil carnavais Ô viola! A sina de Preto Velho É luta de quilombola, é pranto é caridade Ô fandango! Candango não perde a fé Carrega filho e mulher Pra erguer nova Cidade Quando a cacimba esvazia Seca a água da moringa Sertanejo em romaria é mais forte que mandinga Assim nasceu a flor do cerrado Quando um cacique inspirado Olhou pro futuro E mandou construir Brasília joia rara prometida Que a Nossa Senhora de Aparecida Estenda seu manto Pro povo seguir Sou da Vila não tem jeito, fazer samba é meu papel Fiz do chão do Boulevard, meu céu ‘Paira no ar’ o azul da beleza Gigante pela própria natureza Foto: Eduardo Holanda/Divulgação Vila Isabel Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorVIÚVA NEGRA: Lady Gaga vai interpretar no cinema a mulher que matou Maurizio Gucci na Itália PróximoParkShopping recebe Papai Noel em tarde solidária e lança campanha cheia de prêmios 11/11/2019