Arte Obras do artista José Zaragoza passam a integrar Parque de Esculturas do Museu de Arte de Brasília Seis obras em ferro fundido do artista e publicitário catalão radicado no Brasil José Zaragoza (1930-1987), criadas em 1984, nos ventos da abertura política então avançada, passaram a integrar o Parque de Esculturas do Museu de Arte de Brasília (MAB). Agora, o espaço conta com um total de 22 esculturas na área externa, aberta a visitação pública durante toda a semana. “As seis esculturas`. como uma metáfora, funcionam como guardiãs do museu para tempos sombrios”, reforça o diretor do MAB, Marcelo Gonczarowska. As esculturas de Zaragoza são parte do lote de 58 peças (inclui também desenhos e quadros), doado pelo artista ao Museu Nacional da República (MUN) em 2017. O diretor do museu na época, Wagner Barja, lembra que “quando Zaragoza me ligou, fiquei petrificado”. Personalidade do mundo das artes e da publicidade e propaganda (é o “Z” da prestigiosa Agência DPZ) em São Paulo, ele teria ouvido falar da política de constituição de acervo do MUN, que havia criado um núcleo de arte política, crítico do período da ditadura militar. Zaragoza é um “coringa no acervo do Museu da República”, afirma Barja, em referência ao fato de a obra do catalão provocar na audiência reflexões sobre a iniquidade de governos autoritários em qualquer parte. Curador independente, com notório saber em artes plásticas, teoria e história da arte e arte-educação, o ex-diretor do MUN ao longo de 12 anos considera que a ida das peças de Zaragoza para o Parque de Esculturas frisa a vocação do MAB em construir discursos estéticos sobre a arte contemporânea na capital. Escultura “Perda de Identidade” “Onde estou” (esq) e “Perda de identidade” (centro) Escultura “Mãos ao alto” As seis esculturas de Zaragoza fazem parte da série que o catalão batizou “Não Matarás”, um dos Dez Mandamentos, também fonte de inspiração para o título da exposição realizada em 2018, reunindo 48 artistas no Museu da República, sob o epíteto do crítico de arte Mário Pedrosa: “em tempos de crise, é preciso estar com os artistas”. Cada uma das peças de 1,80 metros de altura interroga o interlocutor que para diante delas com uma interrogação que lhe serve de nome: “Onde estou?” (duas), “Mãos ao alto”, “Família”, “Pendurado” (alusão ao instrumento de tortura pau de arara) e “Perda de Identidade”. Marcelo Gonczarowska explica que, desde a fundação do MAB, em 1985, as diferentes gestões que se sucederam no museu almejaram criar uma área em seu entorno que comportasse uma exposição permanente de esculturas. Segundo ele, esse desejo remonta ao projeto de criação de um complexo cultural entre o MAB e a Concha Acústica, com a proposta de instalação de esculturas do artista baiano Mario Cravo Junior. Almejava, segundo o gestor, trazer obras de escultores como Yoko Ono e Richard Serra. Desse projeto, a única peça instalada no local acabou sendo “Homenagem à Democracia” (1958/1989), de Franz Weissmann, de cerca de três toneladas, até hoje na frente ao museu. Com a reabertura do MAB, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF decidiu retomar a iniciativa de criação do Parque, com ênfase na divulgação de escultores de Brasília. Segundo Gonczarowska, novas esculturas são esperadas para o próximo ano. Obras do Parque de Esculturas “O Beijo”, de Mara Nune “Bigorna Vermelha”, de Miguel Simão – Antônio Elias, sem título, 2003, em fibra de vidro, com dimensões variadas; – Mara Nunes, “O Beijo”, série “Encaixes”, 1995, em ferro carbono, 166 x 95 x 16 cm; – Omar Franco, sem título, 2002, chapa de aço corten oxidado de 9 mm de espessura, 300 x 180 x 65 cm, peso aproximado, 300kg; – Omar Franco, sem título, 2019/2020, chapa de aço corten cromado, 120 cm x 60 cm x 50 cm, peso aproximado, 20 kg. – Luiz Ribeiro, “Folha P2”, 2003, aço e esmalte, 100 x 98 x 35 cm; – Luiz Ribeiro, “Caryoca brasiliensis (Pequi)”, 2009, aço e esmalte sintético, 100 x 98 x 35 cm; – Sanagê, “Todos os caminhos são válidos”, 2017, aço carbono e pintura automotiva, dimensões variadas; – Sanagê, “Neoclipes”, 2021, aço carbono e pintura automotiva; – Miguel Simão, “Bigorna Moderna”, 2017, fibra de vidro e pintura automotiva, 315 x 450 x 120 cm; – Miguel Simão, “Bigorna Vermelha”, 2017, fibra de vidro, 210 x 600 x 120 cm; – Franz Weissmann, “Homenagem à Democracia”, 1989, aço corten; – Darlan Rosa, “ Cuba Libre”, 2006, alumínio com tinta eletrostática, 200 cm de diâmetro; – Zaqueu Vitor, sem título, data indefinida, construção de cabeça de cavalo com sucata, dimensões indefinidas; – Autor não identificado, sem título, data e detalhes, forma geométrica em tom avermelhado que remete a dobraduras de origami; – Darlan Rosa, sem título, data ou dimensões, poliedro em aço; – Cirilo Quartim, “Prosa do Observatório”, 2006, metal, fibra de vidro e esmalte sintético. 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