Entrevistas “EU AMO ME MONTAR” 27.02.18 – Por Isabela Menezes Fotos: Reprodução Quem não conhece a famosa Allice Bombom em Brasília? Alexandre é artista performático colorido e drag queen da capital. Há 23 anos milita contra o preconceito, anima os eventos e os lugares por onde passa. Além disso, é uma bomboniere conhecida em bares da cidade por seus deliciosos bombons caseiros de fabricação própria. Formado em Licenciatura em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, é atriz no teatro, locutora com participações na rádio JP FM Brasília, Clube FM, e rádio Atividade. Entre os vários trabalhos produzidos, os mais conhecidos são “LUIZA E PRAZER” e “A COMÉDIA DO PODER”; A atriz também faz parte do curta "Bibinha" exibido no cinema Curta Brasília e tem um documentário do GDF intitulado de "ALLICE", disponível no vimeo. Dá pra sentir o quanto ele aposta no personagem, né!? Conheça mais na entrevista exclusiva abaixo: Sabemos que você é carioca, mas como foi a sua transição do Rio de Janeiro para Brasília? Minha irmã teve um problema pós parto e eu vim para Brasília para dar um apoio. Ficaria apenas um tempo, pois eu estava em processo de alistamento militar pela marinha no Rio. Mas consegui uma transferência e servi a Marinha em Brasília e morei com minha irmã um pouco mais. Aí fiquei até hoje por aqui. De onde surgiu a Allice? Como foi a ideia de criar e manter uma Drag Queen no cenário brasiliense? Fui a uma festa onde drags e montadas não pagariam para entrar. Achei interessante. Criei uma produção com materiais recicláveis e neste momento surgia Alice Simpson. O Alexandre já era conhecido por alguns LGBTS por fazer bombons e neste evento todos me chamavam de Bombom. Alice Simpson não vingou e resolvi colocar mais um L na Alice e o sobrenome escolhido pelo público, Bombom. Então surgiu Allice Bombom. Frequência em vários eventos da cidade como convidada e em alguns foi preciso pagar para entrar. Até receber um convite para animar um evento, onde receberia cachê por isso. Como foi a sua primeira experiência como Allice Bombom? Você sentiu algum impacto ou teve alguma dificuldade para se transformar na Drag? Eu adorei criar o personagem. Tive influências nos programas de entretenimento com performance de transformistas. Agreguei conhecimentos no que estava ao meu alcance, quanto a fazer produções e maquiagens. Eu sempre me diverti em me produzir e meus amigos curtiam. Fui vivendo… O bombom de “Allice Bombom” veio das vendas dos docinhos caseiros. Essa é a forma como você se sustenta? Como é vender bombons na noite de Brasília? Já passou por alguma situação diferente (boa ou ruim)? As vendas dos bombons em bares aconteceram por acaso. Tive uma grande encomenda, porém errei na data de entrega, antecipei. E percebi que o pedido era para a semana seguinte e tinha muitos bombons perecíveis. Pirei, fiquei Louca! Chegando em casa, cabisbaixo, desconsolado, até ter uma ideia: comprei saquinhos transparente e fitas, embalei os bombons, me transformei em Allice e fui para os bares vender. É muito relativo a venda dos doces. Um dia vendo tudo, o outro dia vendo menos. Muitos me respeitam quando faço a abordagem oferecendo o produto. Percebo algumas rejeições, porém superei tais fatos. Deu certo e não parei mais. As vendas me ajudam no orçamento junto com os cachês de animações de eventos e apresentações no teatro. Em 2016 você sofreu com uma Pneumonia. Teve mobilização para ajudar a custear o seu tratamento. Um gesto nobre onde até a apresentadora Xuxa se sensibilizou. Como foi pra você esse momento? Você acha que isso é fruto do carisma criado pela personagem? Quanto a mobilização que ocorreu quando eu estava doente, foi surpreendente. Me emocionei muito. A cada momento, a cada dia, a cada ano percebo que sou querida e respeitada. E tudo isso faz com que eu me torne uma pessoa forte e persistente como sempre fui. Quando você descobriu/sentiu que estava sendo descoberta na capital? Você acha que Brasília é um cenário suficientemente desconstruído para receber personagens como a Allice Bombom? Por sempre estar frequente em festas e nos bares, recebi um convite para trabalhar na extinta e poderosa boate Garagem. Ali realmente, a Allice aconteceu. Foram 5 anos dedicados a empresa e aprendi muito. Brasília é bom para o seguimento Drag. Até hoje, sempre tenho eventos para animar. Eu amo o que faço e estou sempre me reinventando. O mundo evolui e eu preciso acompanhá-lo. Também em 2016 você foi estrela do documentário dirigido pela Fernanda Carvalho. Como foi essa experiência? Como surgiu essa ideia? Meu documentário foi mágico. Um sonho realizado. Eu conheci a Fernanda através de alguns trabalhos de publicidade. A diretora realizou um trabalho lindo com a ajuda de uma equipe profissional e carismática comigo. Foi cansativo porém prazeroso. Amei! Você acha que existe semelhanças entre Allice e Alexandre? De forma intrínseca, o personagem pode se confundir com o autor? Você acha que há problemas nisso? O Alexandre sempre tímido e franzino não se assemelha aos comportamentos de Allice. A drag é esbaforida, louca e tem sempre uma resposta na ponta da língua. Sempre colorida e extravagante. A drag sempre foi controlada pelo criador. Ela só existe porque o Alexandre permite. Quais são seus objetivos, metas e sonhos dentro das suas profissões? Você tem planos pro futuro? Tenho projetos para o teatro, porém em fase de construção. Pretendo voltar a trabalhar em rádio e abrir uma pequena loja de doces. Facebook Comments Hendy Miranda Compartilhar No Older Articles PróximoQUE XODÓ É ESSE 27/02/2018