Décor Espaço sensorial e acessível para pessoas cegas é destaque na CASACOR Brasília 2024 O ambiente de Glauter Suassuna possui recursos de automação e obras de arte como elementos de acessibilidade Segurança, tranquilidade e conforto. Essas são algumas das palavras que associamos ao pensar em nossa casa. Para cada um de nós, esses elementos podem se manifestar de formas diferentes e atender a critérios diversos. Pessoas com deficiência percebem o ambiente de maneiras específicas e possuem necessidades particulares. Assim, a adaptabilidade dos espaços impacta diretamente em suas experiências. Em sua estreia na CASACOR Brasília 2024, o designer Glauter Suassuna apresenta o espaço Olhar de Isadora, inspirado pela jovem cega Isadora, e cujo a acessibilidade é o foco principal. A musa inspiradora tem 19 anos e perdeu a visão aos 8. Desbravadora e determinada, a jovem foi a inspiração para o profissional desenvolver o projeto de um apartamento de 106 m² totalmente adaptado para as demandas de uma pessoa cega. A experiência estética vai além do deleite visual e envolve também os outros sentidos. “O objetivo foi criar um ambiente sensorial e, principalmente, facilitador que lembra o quanto estamos longe de ser uma sociedade inclusiva. Enxergo a vivência multissensorial como forma de conectar e integrar os indivíduos aos espaços arquitetônicos”, explica Glauter. Recursos de automação são apresentados como solução de acessibilidade, além do uso convencional. A linha de eletrodomésticos é ligada via bluetooth, o assento e vaso sanitário possuem descarga e limpeza automatizados, as torneiras são sensíveis ao toque e evitam desperdício de água. Isadora, que pula de paraquedas e faz rapel em cachoeira, lembra que os maiores desafios dos cegos estão no dia a dia, seja dentro de casa ou fora dela. “A mobilidade é uma das principais questões para nós. Poucos lugares na cidade são inclusivos. Em casa, a situação é parecida, eletrodomésticos e móveis não são acessíveis”, afirma Isadora. Patrocinado pela Espectro Oftalmologia, o projeto traz obras de arte que possuem relevos para que sejam tocadas e elementos da natureza em rochas e plantas como expressões artísticas. “Percebi o quanto a sociedade ainda não se vê como corresponsável na criação de ambientes acessíveis. Pouco se fala, na área da arquitetura e design, sobre a acessibilidade para pessoas cegas. O projeto foi pensado para chamar atenção para essa lacuna”, comenta o design. Fotos: Edgard Cesar. Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorTania Bulhões e Instituto Inhotim lançam collab exclusiva de louças PróximoElementos clássicos e contemporâneos se misturam na criação de Orestes Blanco e Rosa Maranini para a CASACOR Brasília 04/09/2024