Arte Espaço Oscar Niemeyer inaugura a mostra do artista visual Guilherme Moreira Tendo o papel como matéria plástica principal, no dia 5 de julho, das 19h às 22h, o Espaço Oscar Niemeyer inaugura a mostra do artista visual Guilherme Moreira, com curadoria de Gisele Lima. “Entre nós, quase tudo é inconsciente, provisório, não dura” traz ao público trabalhos em objetos, esculturas, vídeo, fotografias e instalações que tangenciam temas sociais e políticos que partem de questões íntimas como a autoaceitação e a sexualidade para alcançar o coletivo, como as questões de imigração nordestina para o Centro Sul do País. A mostra fica em cartaz até o dia 6 de agosto, com visitação de terça a sexta, das 9h às 18h, sábado, domingo e feriados, das 9h às 17h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. Este projeto é realizado com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF). A pesquisa poética de Guilherme Moreira foca no trânsito simbólico e visual entre o bidimensional e o tridimensional, atuando nas zonas de litígio e nas fronteiras que caracterizam essas duas grandezas nas artes visuais. “Trabalho eminentemente com instalação, escultura e relevos, considerando as qualidades físicas do papel para a construção de narrativas pessoais e coletivas. Com a pintura, de modo semelhante, há uma busca por experimentar a materialidade dessa linguagem, explorando os conceitos de forma-cor e tridimensionalidade pictórica”, afirma o artista visual. “Entre nós, quase tudo é inconsciente, provisório, não dura” surge de um incômodo. “Com efeito, um incômodo gerado há um tempo, que diz respeito às ansiedades da criação artística e da simbolização de angústias pessoais e coletivas, e que pode ser transfigurado em pesquisa poética”, diz o Guilherme. Composta de quatro séries distribuídas pela área expositiva do Espaço Oscar Niemeyer, “Sintomas” aparece como índice desse ponto de inflexão da trajetória do artista, quando há uma vontade, ainda no limiar da consciência, de explorar plasticamente pulsões e desejos mais íntimos, em um diálogo interno. Transitando para uma dimensão coletiva desse diálogo, a série “Hi[E]stórias” é fruto de um exercício de infância, o de ouvir os “causos” reiteradamente contados pelos avós, em especial suas histórias de migração para a recém-construída capital federal. Narrativas que permanecem no limiar da consciência histórica. “Linhas de Partilha” exploram as paisagens do confinamento: as linhas e fraturas das paredes das quais não podíamos escapar. Por fim, “Cromateca” é um projeto que surgiu de uma angústia pessoal e coletiva, de uma ansiedade causada pela ambiguidade racial da cor da pele e dos traços fenotípicos do artista. “É um trabalho que explora, compila e expõe essa biblioteca de cores a partir de mim”, explica Guilherme Moreira. A curadora da mostra, Gisele Lima, afirma que para olhares desatentos a exposição “Entre nós, quase tudo é inconsistente, provisório, não dura” parece falar sobre forma e materialidade. “Não que essas questões não sejam presentes e importantes na pesquisa de Guilherme Moreira. Ele utiliza o papel de alta alvura como principal material para a sua pesquisa resultando em esculturas-objetos de extrema delicadeza e plasticidade”. E prossegue: “Esta é a segunda mostra individual do artista, que já circulou por outros estados como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Atrevo-me a dizer que esta é a mostra onde as questões político-sociais ganham maior destaque e projeção. Os trabalhos aqui expostos, são objetos, esculturas, vídeo, fotografias e instalações formadas por complexas camadas de significado. Existe uma discussão sobre ancestralidade, regionalismo e racialização que são urgentes e que submerge todas as obras, artista, curadora e equipe envolvida na realização desse projeto”. O título da exposição, uma fala recortada do romance “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, assume o lugar de introdução e vocativo. Provoca e anuncia a transdisciplinaridade proposta: “Nesta mostra não vamos falar apenas de arte, vamos falar de nós. Um convite e um vocativo à conversa, ao diálogo. Falaremos sobre passado e presente, sobre nossos avós e bisavós, sobre a construção de Brasília e sobre as influências de vivermos imersos em uma paisagem modernista. Falaremos sobre hierarquias sociais, raciais, ser ou não ser negro, sobre a inconsistência e a instabilidade que é existir para certos corpos enquanto para outros, tudo permanece durar e persistir”, completa a curadora. Visitas guiadas Durante o período da mostra, serão realizadas três visitas guiadas com o artista nos dias 08 de julho, sábado, às 15h; 14 de julho, sexta, às 19h, e no dia 22, sábado, às 15h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorLetícia Fialho na Chapada: artista é confirmada no Festival Ilumina PróximoFestas juninas animam o fim de semana no Distrito Federal 29/06/2023