Satélite DF Quantas gírias e expressões relacionadas a Brasília você conhece? Aos 63 anos, Brasília tem sua identidade e variedade linguística que se renovam e se fortalecem ano após ano Brasília chega aos 63 anos e segue expandindo sua população e raízes para além das asas e eixos do Plano Piloto. Um crescimento que não se restringe a novas quadras, bairros e cidades, mas também a uma identidade e uma variedade linguística próprias, ou seja, o fortalecimento de um dialeto brasiliense. Esse dialeto está, claro, na boca do povo, mas é também tema de estudos acadêmicos e está presente em poesias, música e arte. A Brasília do “véi”, do “tá ligado”, do “paia”, do “camelo” é fruto da característica brasiliense de reunir povos, culturas e sotaques, e que você pode testar ao final desta matéria. Segundo a sociolinguista e professora brasiliense Rosineide Magalhães de Sousa, do Departamento de Línguas do campus de Planaltina da Universidade de Brasília (UnB), a capital tem sua forma de falar e expressar bem definidas. “Já temos uma variedade linguística que chamamos de dialeto brasiliense. Essa variedade surgiu primeiro da difusão de vários dialetos e formas de falar e algumas dessas formas foram selecionadas e focalizadas”, explica. “véi” veio para ficar No campo das expressões tipicamente brasilienses, há aquelas que nasceram e desapareceram, as que foram substituídas e as que vieram para ficar. O “camelo” virou “bike” para os mais jovens, mas foi eternizado pela Legião Urbana na música Eduardo e Mônica. Também se perderam pelo caminho ou enfraqueceram gírias como “canal”, que é a forma de se comunicar, e “rangar”, que nada mais é do que comer, e teve mais força nas décadas de 1980 e 1990. Mas se tem uma gíria que veio para ficar é o “véi”, talvez uma das maiores expressões da capital. “O ‘véi’ dura até hoje. Ele vem do falar caipira, só que aqui não tem esse significado. Ele é utilizado para estabelecer uma relação de proximidade com o outro. O pessoal da geração de 1980, 1990 e 2000 usa o “chegado”, mas o ‘véi’ ficou pela questão da proximidade com o colega ou a colega. Outra expressão que ficou é o tu, sem concordância. Esse tu é como se usasse para uma pessoa próxima, uma gíria marcada pela proximidade”, explica a professora. Para o historiador e pesquisador Marcelo José Domingos, o “véi” é um patrimônio local e ajuda a entender a identidade brasiliense. “Todo mundo fala velho e aqui falamos véi. É o sotaque e o nome que damos aos lugares que formam a nossa identidade, que ajudam a entender que Brasília é diferente das demais cidades, mas tem sim suas raízes”, destaca o historiador. Quantas dessas gírias e expressões relacionadas a Brasília você conhece? Aruc: sinônimo de samba, a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro é a única escola octacampeã seguida no DF. É, também, o mais autêntico reduto carnavalesco de Brasília, formado em 1960 por funcionários públicos vindos do Rio de Janeiro. Babilônia: assim são chamadas as únicas quadras comerciais do Plano Piloto com ligação subterrânea. Elas ficam na 205 e 206 Norte. Balão da Dona Sarah: o balão do aeroporto de Brasília homenageia Dona Sarah Kubitschek, e por isso é chamado de Balão da Dona Sarah ou simplesmente Bambolê de Dona Sarah, ex-primeira dama notadamente conhecida pelo apreço por flores. Baú: ou busão, expressão para se referir a ônibus do transporte público. Boto fé: expressão para concordar com alguém ou apoiar. Cabeças: os Concertos Cabeças aconteceram entre as décadas de 1970 e 1980, no comércio da 311 Sul, onde a comunidade reunia-se para apreciar música e poesia. Cabuloso: algo considerado surpreendente e assustador. Camelo: nome dado à bicicleta e que ganhou fama na música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana. Cobogó: herança cultural árabe que surgiu na década de 1920, no Recife. Característico de quadras do Plano Piloto, os cobogós dividem ambientes e permitem a entrada de luz e ventilação. Céu de Brasília: patrimônio cultural e orgulho dos brasilienses, também presente na música Linha do Equador, de Djavan. Conic: nome popular dado ao Setor de Diversões Sul (SDS), palco da efervescência cultural e de templos religiosos, lojas, ONGs e sindicatos. De rocha: expressão usada para confirmar algo, se realmente é verdade. Descer: descer é uma expressão utilizada para as pessoas descerem dos blocos onde moram, com ou sem pilotis. Drive-in: cinema ao ar livre, um dos poucos da América do Sul. Em Brasília, ele vive e se perpetua com uma das maiores telas de cinema para assistir de dentro do carro. Eixão do Lazer: expressão utilizada para denominar os eventos de domingos e feriados no Eixo Rodoviário, conhecido popularmente como Eixão. Frevo: nome dado a festas e baladas. Grande Circular: uma das linhas de ônibus mais famosas e que dá a volta completa no Plano Piloto. Igrejinha: a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 307/308 Sul, foi o primeiro templo católico em alvenaria erguido em Brasília. Tornou-se um cartão-postal e a rua da quadra é chamada de Rua da Igrejinha. Ipê: é a árvore símbolo de Brasília, embora oficialmente seja o buriti. Por todo o DF, há ipês espalhados e eles florescem e encantam os moradores. Morgar: descanso, uma pausa ou simplesmente curtir a preguiça. Niemeyer: arquiteto brasileiro modernista responsável pelos projetos de edifícios cívicos de Brasília. Niemeyer é Brasília e vice-versa. Pagar vexa: é o mesmo que pagar vexame, passar por situação constrangedora. Pardal: nome dado aos radares de velocidade espalhados pela cidade. Parque da Cidade: espaço de lazer dos brasilienses e o maior parque urbano do mundo, com 420 hectares. Ponta de Picolé: nome dado aos terrenos que ocupam as extremidades do Lago Paranoá, seja no lado Sul ou Norte. Rodô: apelido da Rodoviária do Plano Piloto. Só o ouro: expressão para dizer que algo é da melhor qualidade. Tá ligado?: expressão para saber se a pessoa está sabendo ou atenta a algo. Tesourinha: conjunto de viadutos que cortam os eixos W e L para o Eixão. Véi: expressão genuinamente brasiliense usada para chamar alguém, fazer uma pergunta ou até demonstrar surpresa com um fato. Foto: Imagem Artística Reproduzida Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorEscola de Governo do Distrito Federal (Egov) homenageia o aniversário de Brasília com exposição de desenhos PróximoVoltaram? Camila Cabello e Shawn Mendes são flagrados aos beijos no Coachella 22/04/2023