Como proceder com a harmonização facial que deu errado?

O que tem em comum a atriz estadunidense Demi Moore e o cantor brasileiro Lucas Lucco? Ambos apareceram irreconhecíveis após se submeterem ao procedimento do momento: a harmonização facial. O tratamento estético que utiliza uma combinação de técnicas de preenchimento para proporcionar mais equilíbrio entre o volume, o formato e o ângulo de todas as partes do rosto, promovendo também o rejuvenescimento, vem lotando consultórios, mas nem sempre o resultado é o esperado, culpa principalmente por ter sido realizado por profissionais inabilitados e não dermatologistas e cirurgiões plásticos.

A harmonização facial é um termo que se refere ao uso de procedimentos, especialmente o ácido hialurônico (um gel injetado nas camadas da pele), para fazer adequações no rosto do paciente. Para o dermatologista André Moreira, o problema pode começar já no nome: harmonização. “É nesse ponto que já começamos nossa reflexão: adequações baseadas em quê? Estamos harmonizando ou padronizando? “, observa o médico.

Os primeiros produtos preenchedores com ácido hialurônico surgiram na década de 90 e evoluíram muito até os dias de hoje. O termo se popularizou mais recentemente pelo marketing intenso em redes sociais (que ditam as modas atuais). O médico especialista observa, entretanto, que para evitar transtornos, é fundamental a escolha de um profissional apto para realizar o procedimento e assistir ao paciente para evitar qualquer intercorrência, algumas graves como a cegueira secundária provocada pelo uso do ácido hialurônico. Ela pode ocorrer principalmente nas regiões entre as sobrancelhas e as têmporas.

Para quem não gostou do resultado – muitas pessoas acabam nem se reconhecendo no espelho, como afirmou o cantor Lucas Lucco – há a possibilidade de reversão de procedimento com o uso da hialuronidase, uma enzima que dissolve o ácido hialurônico, um processo que pode sair pelo mesmo valor do procedimento que não deu certo. O produto age despolimerizando reversivelmente o ácido hialurônico, existente no cimento intercelular ao redor das células do tecido conjuntivo, reduzindo assim temporariamente a viscosidade desse tecido e tornando-o mais permeável à difusão de líquidos.

“O bonito em uma pessoa é a pele tratada. É ela se olhar no espelho e se sentir bonita e não uma outra pessoa.”, garante o Dr. André Moreira. E são muitos os procedimentos que podem ser realizados para tratar o rosto do paciente: laser, toxina botulínica, bioestimulador de colágeno, ultrassom microfocado, radiofrequência, fios de PDO e o já citado ácido hialurônico, que não deve ser utilizado em mulheres grávidas já que até o presente momento faltam estudos mostrando segurança no uso durante a gravidez.

Esses procedimentos são indicados para quem está interessado em tratar a pele. “Mais do que ‘harmonizar’ é preciso tratar a pele. E cada fase da vida requer um cuidado diferente e cada paciente tem demandas e questões de saúde pessoais que indicam ou contraindicam um procedimento. Só um médico especialista pode dizer.”, afirma o dermatologista formado em Medicina pela Universidade Federal de Goiás (2007-2013), UFG, com Dermatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (2013-2016) e com pós-graduação em doenças dos cabelos (tricologia) e das unhas na Universidade de Mogi das Cruzes, São Paulo. É membro da Skin of Color Society (sociedade estadunidense cujo objetivo é promover reconhecimento e excelência na dermatologia focada na pele preta). Atualmente cursa Mester in Science em oncodermatologia e dermatoscopia na Universidade de Graz, Áustria. Tem formação em transplante capilar na Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos. Foi aceito no concorrido programa de estágio no Hospital da Universidade de Varsóvia, na Polônia, orientado pela Dr. Lidia Rudnicka, a criadora do termo Tricoscopia e nome mais importante na área.

Fotos: César Rebouças