Satélite DF Antirracismo: por quê as lojas de marcas de luxo estão sendo alvos de protestos e saques nos Estados Unidos? Os Estados Unidos estão passando por dois grandes problemas no momento: alto pico do Covid-19 com quase 2 milhões de infectados, mais de 370 mil mortes e alvo de protestos antirracistas depois da morte do cidadão negro George Floyd. A comunidade e apoiadores, decidiram se unir com revolta para que a justiça seja feita com o policial branco Terek Chauvin, filmado pela adolescente Darnella Fraziere em Minneapolis, onde George implora pela vida, dizendo “não consigo respirar”, frase que estampou cartazes e camisetas nas muitas manifestações que ocorreram e ainda ocorrem nos Estados Unidos. Poucos meses antes, os jovens Breonna Taylor e Ahmaud Arbery, 26 e 25 anos respectivamente, também foram mortos a tiros pela polícia. Mais uma morte de um homem negro por policiais choca os EUA.#ICantBreathe #GeorgeFloyd #vidasnegras #vidasnegrasimportam #blacklivesmatters #negros #eua pic.twitter.com/h7FYAJmUwQ — Um Principe do Gueto (@principedgueto) May 26, 2020 Não podemos esquecer de citar as vidas de João Pedro Mattos Pinto, Matheus Freitas, Marielle Franco, Ágatha Vitória e David Nascimento, apenas alguns dos nomes de pessoas negras assassinadas no Brasil nas últimas semanas – segundo dados oficiais, um jovem negro é assassinado no Brasil a cada 23 minutos. O caso Floyd reacendeu a revolta nos EUA contra assassinatos cometidos por policiais contra negros. A morte acontece após episódios que tiveram visibilidade em todo o mundo, como as mortes de Michael Brown em Ferguson, Eric Garner em Nova York e outros casos – que impulsionaram a criação do movimento “Black Lives Matter”. Lojas da Dolce & Gabbana, Gucci, Alexander McQueen, Hermès, Dior e Louis Vuitton, a multimarcas de streetwear RSVP de Los Angeles, foram (estão sendo) alvos de protesto e saques. Enquanto um lado do mundo pegava fogo – um fogo resultado da opressão branca que anda de mãos dadas com o capitalismo – por exemplo a Dior postou em suas redes uma foto da colheita de flores para produzir seus perfumes. E o que a moda tem a ver com isso? A falta de timing de algumas marcas confirma o motivo da moda estar no centro de delicadas discussões atuais. Uma grife global com consumidores, funcionários e seguidores negros, fingir que não está acontecendo nada e postar flores quando tudo o que vemos é fogo é sinal de falta de humanidade, sensibilidade e solidariedade com o outro (e do ponto de vista do marketing, um grande equívoco). Até porque nem o silêncio hoje parece ser uma opção. A ordem sempre foi ignorar tópicos controversos, de apropriação cultural à falta de diversidade à injustiça racial, mas cada vez mais o consumidor, principalmente o jovem, cobra posicionamento e ação das marcas com as quais compartilhem valores. Ver essa foto no Instagram In Portland, a Louis Vuitton store was broken into and looted by rioters of all races. This comes in the tails of a poorly received PR campaign the brand set up, #LVPont9, to promote their new bag, seemingly ignoring the world’s current scenario. Read about it on FashionBombDaily.com and check out our IGTV for background information . 📸Twitter/Reproduction #louisvuitton #fashionnews Uma publicação compartilhada por Fashion Bomb Daily (@fashionbombdaily) em 31 de Mai, 2020 às 11:11 PDT Gucci e Louis Vuitton fizeram posts simbólicos, mas que não são suficientes. A falta de saber o que dizer em um momento como este reflete também a falta de conhecimento sobre o assunto e a ausência de pessoas negras nas posições de tomada de decisão. Ver essa foto no Instagram Words by @cleowade Uma publicação compartilhada por Gucci (@gucci) em 29 de Mai, 2020 às 3:47 PDT Ver essa foto no Instagram MAKE A CHANGE. FREEDOM FROM RACISM TOWARDS PEACE TOGETHER. #BlackLivesMatter Video by Julian Klincewicz commissioned by #VirgilAbloh, on the occasion of his inaugural season for #LouisVuitton. The film was exhibited as part of his Coming Of Age exhibition. Uma publicação compartilhada por Louis Vuitton Official (@louisvuitton) em 31 de Mai, 2020 às 1:55 PDT Já a Nike usou seu famoso slogan Just do It e transformou em: Ver essa foto no Instagram Let’s all be part of the change. ⠀ ⠀ #UntilWeAllWin Uma publicação compartilhada por Nike (@nike) em 29 de Mai, 2020 às 3:50 PDT Ver essa foto no Instagram No matter what we’re up against, we are never too far down to come back. #YouCantStopUs ⠀ See link in bio to join us. Uma publicação compartilhada por Nike (@nike) em 23 de Mai, 2020 às 8:00 PDT Nosso diretor de conteúdo do portal, Hendy Miranda, se posicionou ontem, 01/06, em um post no seu perfil pessoal contra o racismo e fechou com uma história de apoio e cura de um médico negro para uma pessoa branca racista: Ver essa foto no Instagram Eu ainda não me procunciei aqui sobre a morte do americano George Floyd em Minneapolis. Eu fiquei tão perplexo e triste ao mesmo tempo que não consegui acreditar que em pleno 2020 ainda exista racismo. E o pior é que existe! Estava conversando hoje com o chaveiro e síndico do meu bloco e ele confirmou isso. Em muitos trabalhos as pessoas ‘brancas’ não chegam perto dele, não entram no mesmo elevador que ele. Incrível isso né? Ele me contou uma história que vou escrevê-la aqui: “Um certo dia, um branco rico e racista estava internado em estado grave em um certo hospital. Ele precisava de uma transfusão de sangue urgente e os enfermeiros se dispuseram a fazer exames para ver a compatibilidade e todos deram negativo. O médico, um negro/preto, ainda não tinha se pronunciado. A equipe então, disse a ele se ele faria e se desse positivo, doaria para o paciente. ‘Eu? acho que ele não vai querer, mas vou fazer o exame.’ Deu compativel e ele doou. O então paciente rico e racista, entre a vida e a morte, recebeu a transfusão de um negro e vive até hoje com muita saúde. GENTE, SOMOS TODOS IGUAIS! CHEGA DE RACISMO! ❤ Mais Amor ❤ . Na foto seguinte, George Floyd sufocado até a morte pelo policial Terek Chauvin, acusado de passar uma nota de US$ 20 falsa. . Foto: DARNELLA FRAZIER / AFP Uma publicação compartilhada por Hendy Miranda 🧿 (@hendymiranda) em 1 de Jun, 2020 às 5:22 PDT Um escritor negro, James Baldwin, fez um discurso na Universidade de Cambridge, em 1965, em um debate histórico com o também escritor William F. Buckley em cima da questão: “Is the American Dream at the expense of the American Negro? (O sonho americano é à custa do negro americano?)”. “Deixando de lado todos os fatos físicos que se pode citar. Deixando de lado, estupro ou assassinato. Deixando de lado o sangrento catálogo de opressão, com o qual já estamos familiarizados de certa forma, o que isso faz aos subjugados, o mais privado, a coisa mais séria que isso faz aos subjugados é destruir seu senso de realidade. É um grande choque, por volta dos 5, 6 ou 7 anos de idade, descobrir que a bandeira à qual você prometeu lealdade, juntamente com todos os outros, não prometeu lealdade a você. É um grande choque descobrir que Gary Cooper matou os índios, quando você estava torcendo por Gary Cooper, que os índios eram você. É um grande choque descobrir que o país que é seu local de nascimento e ao qual você deve sua vida e sua identidade não tem, em todo o seu sistema de realidade, evocado qualquer lugar para você. A insatisfação, a desmoralização e a lacuna entre uma pessoa e outra apenas com base na cor de sua pele começam aí e aceleram – aceleram por toda a vida – até o presente quando você percebe que tem trinta anos e está tendo um tempo terrível conseguindo confiar em seus compatriotas. Quando você tem trinta anos, você já passou por um certo tipo de moinho. E o efeito mais sério do moinho pelo qual você passou não é novamente o catálogo de desastres, os policiais, os motoristas de táxi, os garçons, a senhoria, o senhorio, os bancos, as companhias de seguros, os milhões de detalhes , vinte e quatro horas por dia, o que indica que você é um ser humano sem valor. Não é isso. É nessa época que você começa a ver isso acontecer, na sua filha ou no seu filho, ou na sua sobrinha ou no seu sobrinho”. Mais de 50 anos depois, é duro e triste concluir que suas palavras ainda servem perfeitamente para os dias de hoje, esfregando nas nossas caras os passos lentos da evolução humana. A exaustão por séculos de opressão se transformou em incêndio pelas ruas do país de primeiro mundo. Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorTecnologia no combate ao COVID-19, shopping centers da capital adotam câmeras termográficas PróximoVelvet Pub fecha as portas definitivamente na 102 Norte 02/06/2020